Contramão
Nota: Poesia simples, simples como eu. Pra ler em menos de um minuto e soltar os pássaros. Obrigada!
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Disseram
que eu nasci muito emudecida
E
que fui criada como barco à deriva.
Narraram
palavras que não foram pronunciadas
Enquanto,
anunciam minha morte pré-datada.
Mandaram-me
segurar um bisturi
Tendo
recusado, jogaram-me ao júri.
Condenaram-
me pelas escolhas poéticas
E
pelos acasos engenhosos da ética.
Rasgaram
meu papel querido
Arrancaram
o lápis de minha mão.
Tentaram
manter-me ferido
Eu
sempre vou pela contramão.
Se
prendem meus pássaros no cativeiro
O
meu canto não irei poupar.
De
suas casas, eles ouvirão meu berreiro.
Até
meu peito esfriar.
O
meu gazeio não é líquido
Nem
é vazio o meu cantar.
Se
eles soubessem por onde tenho ido,
Haveriam
de se calar!
E
se dizem que muito tenho dito
Voo-me.
Eles
muito não entendem, sinto.
Só,
sou-me.
E
se assim tendo a ser,
Sabiá
me ensina a aprender.
Se
eles atiram palavras
Nem
todas comporão a minha safra.
Até
me indicaram a complexidade,
Mas
eu almejo – ao menos nessa vez – a simplicidade.
Pois
fácil é morrer.
O
homem tem que se preocupar em nascer.
Alline Corrêa Frazão - Para o Prêmio Cataratas de Poesia (não sei data nem hora - Junho).
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